A descoberta (parte I)

Depois de falar sobre o meu histórico de probleminhas ginecológicos – que sempre me deixaram na dúvida quanto à minha fertilidade – e sobre a orientação médica que recebi para interromper o uso da pílula anticoncepcional às vésperas do casamento, é hora de contar o que aconteceu depois daquela consulta.

...Entrei no carro e demorei uns minutos para dar a partida. Comecei a rir de nervoso e liguei pro Vitor em seguida. Contei toda a conversa que tinha acabado de ter com o ginecologista e ele, com toda a calma que lhe é peculiar, perguntou na maior naturalidade: “E você vai parar o remédio, então?”, aí eu: “Ué, meu amor... sei lá! Isso a gente tem que decidir juntos, não? O que você acha?”, e ele: “Eu acho que esse médico tá viajando, não acredito que você terá dificuldades para engravidar só porque teve ovários policísticos a vida toda” e, quando eu já estava respirando aliviada, ele emendou logo em seguida: “mas também é verdade que só dá para saber tentando. Tem mulher que nunca teve nada, que é super saudável, e mesmo assim não consegue tão fácil. Se você tem medo que demore demais, então para o remédio e vamos ver no que dá”.

Fiquei paralisada. Eu sempre quis ter filhos, mas era como um sonho distante, era meio assustador pensar que isso pudesse estar tão perto de mim assim. Eu sabia que o Vitor não queria demorar muito para ter filhos, ou melhor, FILHAS, se possível quatro (sim, só mulheres, ele queria um harém!) e eu também não queria esperar muito, mas planejava ter pelo menos 6 meses ou um ano de casada para abrir a fábrica.

Naquele momento me senti na seguinte cena: você está naquela cachoeira linda e morre de vontade de pular daquela pedra altíssima de onde se atiram alguns loucos e aquilo parece ser divertidíssimo, mas você passa horas só olhando, tomando coragem. No fundo você sabe que não vai embora sem pular, que a sua hora vai chegar, mas por alguma razão você acha que ainda precisa de mais um tempinho para se acostumar com a ideia e permanece ali, só observando a experiência dos outros, imaginando como será a sua. Até que de repente alguém fala: “vai logo lá”, e você: “será?”. Aí você toma coragem e decide ir lá em cima “só para olhar o tamanho da queda”. O plano é pensar mais um pouco lá em cima antes de se jogar, mas de repente... vem um filho da puta e te empurra! Já pensou?

Era exatamente assim que eu me sentia depois de sair do consultório e de falar com o Vitor. Eu sabia que queria “pular”, que queria ter filhos, “mas já???????” era só o que eu conseguia pensar. Eu mal tinha me acostumado com minha condição de noiva, que logo mais seria de esposa... me imaginar como mãe, então, era um exercício mega difícil.

Bom, o fato é que, passado o susto, conversamos um bocado e decidimos que eu pararia de tomar a pílula duas semanas antes do casamento, para dar tempo de menstruar (noite de núpcias e lua de mel em Punta Cana no sinal vermelho seria um horror, por isso foi tudo friamente calculado) e casar aberta à visita da cegonha, se assim fosse da vontade de Deus. Era um literal: “Seja o que Deus quiser”. Ainda assim eu acreditava (ou queria me convencer de) que eu não engravidaria tão fácil assim e a cria viria mesmo depois de algum tempo de casados, quando já estivéssemos familiarizados com nossa rotina, com nossa casa montadinha, com as contas estabilizadas, etc.

Pois bem. Comecei a tomar o tal do ácido fólico logo naquele mês e interrompi o uso da pílula duas semanas antes do casamento. Menstruei, casei, viajei para nossa linda lua de mel e...

No dia 16 de julho, comemorávamos um mês de casados e eu resolvi fazer um fondue em casa. Fui ao mercado, comprei tudo, fiz opções de carne e de queijo, comprei um vinho dos bons e deixei tudo preparado pra chegada do meu maridinho. Quando ele chegou e nós começamos a comer... “Eca! Quero vomitar!” e corri pro banheiro. Vitor veio atrás de mim com o sorriso de orelha a orelha: “Você tá grávida!!!!!!!!!!”, e eu com aquela cara de quem quer morrer: “Não tô, não! Devo ter comido algo que me fez mal, só isso...”

Como casar com um médico é uma caixinha de surpresas, adivinhem! Ele abriu a mochila e me mostrou que tinha trazido do hospital uma seringa e um coletor de sangue, pode? Tive um ataque de riso e disse que ele não ia tirar meu sangue nem a pau! Ele insistiu em que eu deixasse e disse que levaria a amostra para o hospital no dia seguinte para fazer o teste e tirar essa dúvida de uma vez (eu vinha enjoando havia cerca de uma semana, mas não queria gerar expectativas nem em mim nem nele, então fui tentando não ligar muito, mas ele já estava super desconfiado). Eu deixei ele tirar o sangue, mas com uma condição: “Só se você não abrir o resultado antes de mim! Você traz pra casa e a gente vê juntos, tá?!”. Ele aceitou e assim foi.

(À esquerda, nosso fondue que eu só consegui provar. E à direita, depois de deixar o Vitor tirar meu sangue, sem saber se ria ou se chorava) 

Já escrevi demais por hoje... Amanhã conto o resto da história: como vimos o resultado, nossa reação, como contamos pras nossas famílias, etc. Aguardem as cenas dos próximos capítulos!

Comentários

titaklautau disse…
Eu disse!!!!! kkkk Te amo!
josele disse…
Amiga, estou simplesmente super envolvida já nesse blog, nossa vc realmente consegue criar essa expectativa no leitor pra saber as "cenas dos próximos capítulos" da novela da sua vida de grávida. beijos e parabéns!!!
Unknown disse…
Verdade, da vontades ler todo dia mesmo sabendo a historia! E pior: to chorando de novo! Hahahaha! Beijo
Rafa Almeida disse…
Minha sensação é tipo essa da Nayana. Vc é foda, amiga! =D
Caroline Vilhena disse…
Ti... bem que vc avisou mesmo! Boca santa! Rs :)

E Nana, como assim chorando, amiga? Logo vc que é tão insensível! Hehehehe...

Rafa, aprendi com vc! ;)

Jô, amei nosso fim de ano! Saudade já!

Beeeeeeijos em todas vcs, meninas! :*