Viva o facetime!

Depois de 2 anos e meio entre namoro e noivado (e, desses, praticamente 2 anos a distância), casamos e decidimos ir morar em São Paulo, onde Vitor tinha propostas de trabalho. Antes mesmo do casamento eu também já estava empregada e empolgada com a cidade, a casa e a vida novinhas em folha que teríamos dali a pouco.

Descobrimos minha gravidez um dia depois de completarmos um mês de casados e, passada a euforia e a beleza do momento, meu pensamento mais sincero foi: FU-DEU! Tinha só dois meses que eu estava no trabalho novo, como eu ia dizer isso pro chefe? E, morando em outra cidade, como vamos dar a notícia pros nossos pais e irmãos? Por telefone vai ser muito sem graça!

Pensei em esperar passar os três primeiros meses, mas não consegui conter a ansiedade! Ter netos era o sonho dourado dos meus pais e já tinha um tempo que eles não faziam a menor questão de esconder isso. “Todos os meus amigos são avós, menos eu”, cobravam na cara de pau. Era muita sacanagem privá-los dessa alegria. Decidimos contar logo, sem rodeios. Mas não por telefone. Steve Jobs salvou a nossa vida.

Meu irmão caçula, o Bruno, que mora nos EUA, estava em Brasília e eu mandei a ele uma mensagem pelo whatsapp perguntando se estava todo mundo em casa. Ele disse que só faltava o papai e me perguntou por que. Me limitei a responder: “Por nada, mas me avisa quando ele chegar e chama a gente aqui no facetime”.

Enquanto isso, ligamos também pelo facetime para o Filipe, irmão mais velho do Vitor, já que na casa dele estavam morando provisoriamente minha sogra e o marido dela (enquanto o apto deles passava por uma reforma). Filipe atendeu e ao lado dele estavam a Raquel, nossa cunhada e a Ione, minha sogra. Demos oi pra todos e Vitor falou: “Cadê o Gerêncio (marido da Ione)? Chama ele aí...” e, antes que alguém o chamasse, minha sogra botou pra jogo todo seu instinto materno e mandou na lata: “O que é, hein? Por que tem que estar todo mundo junto? Não vai dizer que a Carol tá grávida?!”, silêncio se fez e eu comecei a rir sem parar. Vitor confirmou que sim e foi uma gritaria só. Eu nem lembro direito o que eles disseram. Era uma confusão de “não acredito!” misturado com “parabéns!” e com “mas jáááá?? Sérioooo?” no meio de risadas nervosas, que eu só sei dizer que as carinhas dos quatro eram as mais felizes que eu já vi.

Depois ligamos para o meu sogro, também pelo facetime. Pedimos que ele chamasse a tia Daisy, mulher dele, mas ela estava no banho e então decidimos contar logo pra ele. “Ô pai, a gente tem uma novidade, sabe?!”, começou o Vitor, caprichando no mineirês que ele incorpora toda vez que fala com o pai. O Wagner, já com um sorrisinho maroto no rosto, responde: “Ah é? Então conta, uai! O que foi?”, e o Vitor: “Você vai ter mais um netinho!”. Meu sogro não escondeu a surpresa, mas o sorriso largo no rosto denunciava a felicidade: “Mas vocês não perdem tempo, sô! Parabéns!” e nisso lá vem a tia Daisy correndo para dar os parabéns também, já que tinha ouvido toda a conversa do quarto. A Laurinha, filha dela, que estava na sala com o Wagner, mas nós até então não sabíamos, porque ela não aparecia no vídeo, também começou a gritar mil votos de felicidade. Foi uma farra!

Em seguida ligamos para o Daniel, outro irmão do Vitor, que é casado com a Thirza, que também está esperando um bebê. Ele estava no quarto, enquanto ela estudava na sala. Aí o Vitor: “Daniel, cadê a Thirza? Chama lá ela!”.  Aí, quando os dois estavam juntos, o Vitor perguntou: “Oi Thi, como você tá? Enjoando muito?”, e ela, com uma carinha bem sofrida: “Muuuuuito, Tão!”, no que ele emenda: “Oxi! Minha mulher também, sabe?!”. Olhos arregalados em fração de segundos e ela toda sorridente: “Como assim? Mentira! A Carol tb tá grávida? Já? Que beleeeeeeza!” e de novo todos falávamos ao mesmo tempo, entre risos nervosos.

Eis que finalmente meu pai chega em casa e o Bruno liga pra gente no facetime. Eu via mamãe, papai, Bruno e só o pé do Thales. “Mano, junta aí que eu quero te ver”, e o Thales, sempre engraçadinho, só acenava com o pé e nada de se juntar aos outros. Uma amigona minha, a Tatá, que estava na nossa casa, resolveu ajudar: “Thales, para de graça. Junta aí que eu quero contar uma coisa pra vocês!” e só aí ele levantou e se juntou aos meus pais e o Bruno. Aí a Tatá saiu de cena e disse: “Na verdade é a Carol que quer falar...” e eu, quando vi todos juntos ali me olhando, comecei a chorar e chorar e chorar. “Ai, caralho, tu tá grávida?”, perguntou o Bruno, com essa delicadeza que lhe é peculiar. Balancei a cabeça positivamente, enquanto o Vitor me abraçava e tentava limpar as minhas lágrimas.

Mamãe e Thales estavam sentados na pontinha da cama, papai e Bruno estavam em pé atrás deles. A reação do papai e do Bruno foi bem parecida. Papai fechou as duas mãos e falou um “Yeeeessss”, como se comemorasse um gol. Bruno começou a pular e a abraçar o papai: “Eu vou ser tio! Eu vou ser tio! Que massa!”. Enquanto isso, o Thales tava parado me olhando com um sorriso bobo e os olhos cheios de lágrimas e eu nem lembro se ele falou alguma coisa. A reação da mamãe foi a mais engraçada. Ao invés de comemorar como os outros, falou decepcionada: “Ah, não! Eu tinha que ser a primeira a saber! Não gostei!” Kkkkkkkk... Comecei a rir e interrompi o choro: “Ah, mãe! Fala sério! Vc tá sabendo junto com todo mundo, não tá feliz?” e acho que só aí caiu a ficha dela e ela não sabia se ria ou se chorava. Todos nos deram parabéns e de novo foi aquela farra de todo mundo falando junto e comemorando.

Naquele dia eu entendi plenamente e senti na pele aquele ditado que diz: “A felicidade se multiplica quando é dividida” (ou algo assim). Fato.

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