A descoberta (parte II)

Voltemos à noite que começou com um fondue romântico e terminou com um marido louco tirando o sangue da esposa no sofá da sala. Como eu contei no post anterior, o Vitor já estava desconfiado da gravidez havia mais ou menos uma semana, quando comecei a enjoar de todos os cheiros do mundo. Eu até cheguei a vomitar umas três vezes antes daquele dia, mas uma vez foi logo na chegada ao trabalho, por volta das 9h30, depois de passar quase 40 minutos dentro de um ônibus chacoalhante, então obviamente eu atribuía a isso meu mal estar. Ou, no máximo, eu pensava: “certeza que eu comi alguma coisa passada ou tô com uma virose, sei lá...”, gravidez nem pensar!

Ah... esqueci um detalhe muuuuuuuuito importante! SIM, a minha menstruação ESTAVA atrasada! Mas ainda assim eu não queria acreditar que estava grávida! (A lesa!) Claro que lá no fundo dava aquele frio na barriga: “Será? Mas já? Não é possível!”, mas eu sempre dizia que o atraso era normal porque eu tinha acabado de parar de tomar a pílula e em todas as vezes que eu parei o meu ciclo ficou loucamente desregulado (por conta dos tais cistos), agora devia ser igual. Ou seja, não me preocupei com o atraso nem com os enjoos.

Mas para o Vitor estava mais do que óbvio, ele só falava nisso, não conseguia esconder que estava feliz da vida, e eu, sinceramente, estava morrendo de dó, com medo de frustrar as expectativas dele. Ele insistiu algumas vezes para que eu fizesse o exame, mas eu não queria, porque tinha medo de entrar nessa ansiedade de fazer o exame cada vez que a menstruação atrasa, e acabar vivendo em função disso, colecionando resultados negativos e decepções. Falei pro Vitor: “Vamos esquecer um pouco isso? Vamos deixar rolar, esperar mais um pouco... se a menstruação não vier mesmo e eu continuar enjoando, aí mais pra frente eu faço o teste, prometo”. Ele fingiu que tinha quietado o facho até aquela noite em que chegou em casa com seringa e tudo! (doido!)

O sangue ficou lá na geladeira até o outro dia, quando o Vitor levou o potinho pro laboratório do hospital. 17 de julho de 2012 foi uma terça-feira, a mais longa da minha vida. O Vitor passou o dia trancafiado no centro cirúrgico e a gente quase não se falou. Lá pelas 15h, ele me liga dizendo que já tinha acabado todas as cirurgias e que estava indo pra casa, mas que antes passaria lá no laboratório pra pegar o resultado do exame. “Vitor Sifuentes, JURA pra mim que não vai abrir esse resultado antes de mim?”, e ele: “Juro, vamos abrir juntos”. Eu acreditei porque não tinha outra saída, mas de duas uma: ou ele é muito controlado (eu, no lugar dele, abriria antes, escondido, com certeza!) ou ele é curioso como eu e soube antes, mas nunca vai admitir isso! Rs. :) Agora, tanto faz.

Cheguei em casa umas 19h e fomos direto pro quarto abrir o bendito do exame. Minhas mãos nunca suaram tanto e eu estava rindo de nervosa. “Ai, abre você”, e ele: “Eu não, abre você”, e a gente só ria. Criei coragem e abri. Só que, pomba lesa que sou, bati o olho na primeira palavra que vi (a gente nessas horas só vê o que quer ver) e joguei o papel no peito do Vitor: “Aí, tá vendo? Negativo! Eu não tô grávida!”, no que ele pega o papel, lê e me devolve em fração de segundos morrendo de rir: “Tá cega? Aqui o trem mais POSITIVO que tudo, doida! Você tá grávida, sim!” e me mostrou o papel, com o dedo no lugar onde estava escrito o resultado. Eu tinha lido primeiro embaixo, onde está escrito “valor de referência: Negativo”, e não tinha visto o resultado do HCG: Positivo.


Sucedeu-se uma pala de riso desenfreada dos dois. Eu, com os olhos arregalados, não conseguia tirar a mão da boca e ficava repetindo: “Meu Deus! Eu tô grávida!”, “Gente, como assim? Como assim eu tô grávida?”, “Namorado, eu tô grávida! Como assim? Meu Deus! E agora?” e a gente só ria!!! Vitor me jogou na cama e a essa altura já tinha levantado a minha blusa e alternava uma avalanche de beijos na minha barriga e ataques de riso. Eu ria junto, mas estava bem mais assustada que ele. Foi a sensação mais estranha da minha vida. Eu fiquei muito, muito, muito feliz, mas ao mesmo tempo com aquela sensação de que tinham me empurrado da cachoeira quando eu ainda estava decidindo se ia mesmo pular. De repente eu me vi lá embaixo, naquela água gostosa, de onde eu não queria mais sair, mas ainda me recuperando do susto da queda de supetão.

Passado o susto e os risos, a gente se abraçou muito forte, mergulhados no silêncio mais eloquente do mundo.

Choramos abraçados. Mas eu não conseguia falar nada. Aí o Vitor me pediu para fechar os olhos, segurou forte nas minhas mãos e puxou a oração mais sucinta, linda e profunda que eu já ouvi na minha vida: “Vamos dar graças a Deus, porque SÓ ELE é quem dá a vida, e Ele quis dá-la a nós!”; eu nunca mais vou esquecer aquilo.

Sempre que lembro daquele dia, penso no Magnificat de Maria e canto com ela: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador (...), porque realizou em mim maravilhas!” (Lc 1, 46-55)

Comentários

Vitor disse…
Muito lindo mesmo... Essa minha esposa é linda :)
GIZELE SIFUENTES disse…
Chorei mas uma vez....q lindo meu Deus !
Nina disse…
lindooos!!!
Lívia Villela disse…
Carooooool!!!

Morri de chorar! Que história linda, que mensagem linda, que testemunho maravilhoso! Nossa, arrepiei de verdade! Pode ter certeza que essa criança vai fazer maravilhas na vida de vocês e com certeza será muito abençoada!

Beijo!
Caroline Vilhena disse…
Amém, gente! Obrigada pela visitinha aqui! Que bom que vcs estão gostando! Eu tb estou amando escrever! Beeeeeijo ;)
Adria disse…
Cunhadinha!!!Quando fiquei sabendo que estava grávida, na hora me lembrei das palavras do padre Alexandre. Tenho certeza que o Pedro é uma benção na vida de vocês e nas nossas também!