Aleluia!

Como eu disse na publicação anterior, Laura foi muitíssimo desejada, planejada e festejada. Quando o Pedro fez um ano, eu parei com todos os métodos contraceptivos, e todos os meses desejei os sinais de uma nova gravidez. Eu já contei aqui que engravidei do Pedro na lua de mel, para a surpresa (e alegria!) de todos, logo no primeiro mês após eu ter suspendido o uso do anticoncepcional. Embora Vitor e eu quiséssemos ter filhos logo, não esperávamos que fosse acontecer tão rápido. Por conta disso, dessa vez, sim, esperávamos que aconteceria igual. Mas um ano inteiro se passou e nada. No último mês antes de o Pedro completar dois anos, nutri em mim uma esperança infantil de que poderia dar a notícia da vinda do irmãozinho ou irmãzinha na festa de aniversário, logo depois dos parabéns. Seria um anúncio lindo, pegaria todos de surpresa, mas como Deus tem planos muito melhores que os nossos, era a mim que Ele queria pegar de surpresa, de novo!

Pedi o teste de gravidez pelo telefone, porque já estava com vergonha de ir à farmácia que tem perto da nossa casa pela milésima vez comprar a mesma coisa. Minha menstruação estava atrasadíssima (mas ela sempre atrasa, por causa daquele meu quadro de ovários policísticos que já relatei aqui), e eu mais uma vez achava que, agora sim, eu estava finalmente grávida. Fiz xixi naquele palitinho e... NEGATIVO. De novo. Das últimas vezes, eu encarei numa boa e pensei: "ah, tá bom... Não é a hora ainda, paciência". Dessa vez, não. Eu desabei. Chorei, chorei, chorei de soluçar. Gravei um áudio e mandei pelo whatsapp para um grupo de amigas muito queridas com quem divido tudo. Aos prantos, eu dizia, inconformada: "Por que? Poxa vida, eu quero tanto ter outro filho, mas tanto! O que Deus quer me dizer com isso? Por que? Pra que?" Chorei tudo, desabafei, fui lindamente consolada e aquela tristeza foi aos poucos passando.

Quando Vitor chegou em casa, contei o que havia acontecido e vi que ele também se entristeceu. Decidimos voltar ao consultório da minha obstetra e fazer exames para saber se estava tudo bem. Conversamos sobre opções de tratamento e chegamos à conclusão de que começaríamos com um processo de indução da ovulação. Coisa simples, seria só tomar um remedinho num determinado momento do ciclo menstrual, o que estimularia o crescimento e amadurecimento dos óvulos e, consequentemente, aumentaria as chances de gravidez. Não sei por que raios, compramos o remédio logo, mas não comecei a tomar porque primeiro era preciso fazer os exames. Entre eles, o Beta HCG, só para ter certeza de que eu não estava mesmo grávida e de que era seguro, então, iniciar o tratamento. Fizemos tudo com calma, na segunda-feira seguinte à festinha de aniversário de dois anos do Pedro. Colhi o sangue de manhã e esqueci, fui pra casa e fiquei imersa nos meus afazeres, até o Vitor chegar pro almoço.

- E aí? Você já viu o resultado dos exames?
- Eu não, nem lembrei. Será que já ficou pronto?
- Com certeza. Peraí que vou entrar aqui pra olhar. (pega o celular e abre o aplicativo do laboratório)
Eu permaneci parada olhando pra ele.
De repente, o semblante dele mudou:
- Meu Deus! Meu Deus, namorada! Você tá grávida!!!
- O quê??? Como assim??? (peguei o celular da mão dele já tremendo e ele me abraçando, fazendo a maior festa!)
Vi e comecei a chorar. Ria e chorava ao mesmo tempo, incrédula!
- Você tá grávida! Não acredito! Não vai ser preciso remédio nenhum!
- Meu Deus, obrigada! Meu Deus, obrigada!
- Esses testes de farmácia são uma porcaria mesmo!! 
- Vou ligar pra minha mãe!
Ao telefone, eu chorava de um lado, mamãe do outro, tal qual estou agora só de lembrar da alegria tão intensa daquele momento.
- Parabéns, filha! Parabéns, meu amor! Não chora, não precisa mais chorar!
Depois liguei pro meu pai, pros meus irmãos, pras minhas melhores amigas!

Pedro estava dormindo. Quando acordou, contei pra ele que Papai do Céu tinha mandado um bebê pra barriga da mamãe e que ele ia ter um irmãozinho ou irmãzinha. Ele não entendeu nada. Ficou me olhando, olhando pra minha barriga, com a chupeta na boca, sem saber direito se aquela era uma notícia boa ou ruim. Eu tinha voltado a chorar e abraçava aquele corpinho pequeno com tanta força e alegria que jamais vou esquecer.  

Aquela era uma segunda-feira pós-Páscoa. No domingo, Cristo havia ressuscitado, vencendo o sofrimento do Calvário. Eu ressuscitei com Ele, e uma vida nova crescia literalmente dentro de mim. Já era ela, a minha Laura, meu presente de Páscoa, meu canto de Aleluia. 

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